A máquina dos miúdos
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Matar um elefante
Posteriormente, é claro, travaram-se discussões intermináveis a propósito da morte do elefante. O dono do animai estava furioso, mas como não passava de um simples indiano, ficou sem poder fazer coisa alguma. Além do mais, eu havia procedido de maneira inteiramente legal, pois um elefante frenético deve ser morto, assim como um cão danado, se o dono não consegue controlá-lo. Entre os europeus, as opiniões se dividiam. Os velhos achavam que eu havia procedido com acerto; os mais jovens, que era uma grande estupidez matar um elefante só porque ele havia massacrado um cule imigrante, já que um elefante vale infinitamente mais do que um miserável cale drávida. E a bem dizer eu estava muito alegre pelo fato de o cule haver sido morto; isso me colocava dentro dos preceitos legais e oferecia-me pretexto suficiente para matar o elefante. E não raro eu me perguntava se os outros tinham percebido que eu só fizera aquilo para não passar por imbecil. (George Orwell, 1936)
3.19.2018
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